Editorial

Rua.

Esse é o tema da quarta edição da nossa revista.

Quando pensamos em rua no tema das drogas, é inevitável pensar nas cenas de uso a céu aberto das pessoas em situação de vulnerabilidade.

Mas, para nós, a Rua é muito mais do que isso. É onde as pessoas se reunem, onde a vida acontece, é a polis. Não remete apenas a uma cena de uso. São várias cenas de uso, com suas singularidades, suas alegrias e seus riscos. Do carnaval ao samba, do show público ao som de carro tocando funk a ocupação do espaço público e urbano expõe a presença das drogas na cultura.

A Rua é os setting ampliado, é palco de trabalhos terapêuticos, é encontro e desencontro, como trabalham Rafael Raicher e Luciana Mannrich em sua troca sobre o acompanhamento terapêutico.

Reunimos aqui diversas experiências desses trabalhos. Na coluna Mandragora dessa edição, um texto de Emilia e Jorge Breud sobre seu trabalho com essa população. Entrevistamos também Zélia Pagliarde, trabalhadora da RAPS que fala dos diferentes agentes da Rede que atuam no campo e sobre a articulação dos serviços e secretarias. Também Maria de Lurdes Zemel, Eroy Aparecida da Silva e Darcy da Silva Costa trazem outra experiência no setting ampliado, dos grupos operativos do CISARTE.

As ideias de Redução de Danos se fazem presentes nessas iniciativas. Fazendo a ponte entre as ideias de Olievenstein e a clínica nesses espaços trazemos mais um comentário sobre um de seus textos, dessa vez de Fabio Carezzato

Na coluna Drogas Be-a-Bá dessa edição, uma importante contribuição do coletivo Que Lança é Esse, sobre uma das drogas mais tradicionais da cultura brasileira, desde seu uso folclórico no carnaval no início do século XX até a disseminação entre os jovens, grupo etário em que alguma pesquisas observaram ser a droga mais utilizada com exceção de álcool e tabaco.

A Rua é espaço de ocupação, de convivência e de construção. Essa é a mensagem de nossa nova edição.

Boa leitura!

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